O Instituto Cândida Vargas (ICV), referência em saúde materno-infantil na rede municipal de João Pessoa, realizou um procedimento inédito: a primeira transfusão intrauterina da história da rede pública da Capital. Após o sucesso do procedimento e do parto, mãe e filha receberam alta na tarde desta segunda-feira (9) e passam bem.
O procedimento foi realizado no dia 01 de dezembro quando Joelma Maria da Silva estava com 34 semanas e 4 dias de gestação. A transfusão intrauterina foi indicada porque o bebê apresentava sinais de anemia severa, condição que, se não tratada, podendo levar a graves complicações. A obstetra Camila Medeiros, responsável pelo parto e pelo procedimento, explicou os detalhes do caso.
“A incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ocorre quando a mãe tem sangue com fator Rh negativo e o bebê, Rh positivo. Essa condição pode levar a mãe a produzir anticorpos que atacam as células sanguíneas do bebê, causando anemia fetal. Nesse caso, a anemia foi detectada precocemente, o que nos permitiu intervir a tempo. Realizamos a transfusão com o auxílio de ultrassom para garantir a segurança do bebê e da mãe”, detalhou a médica.
A transfusão foi feita no bloco cirúrgico do Instituto Cândida Vargas, com o suporte de um equipamento de ultrassom de alta tecnologia recentemente adquirido. O procedimento envolveu a introdução de uma agulha, guiada por ultrassom, até o cordão umbilical do bebê, onde foi feita a transfusão sanguínea. A equipe médica incluiu especialistas, como os fetólogos Daniela Aires e Eduardo Fonseca, além da participação de anestesistas, neonatologistas e laboratoristas.
Tamiris Baptista, hematologista responsável pelo procedimento, destacou a complexidade e a precisão envolvidas no processo, explicando os passos realizados para garantir a segurança da mãe e do bebê. “Com todo amor e carinho, a gente conseguiu selecionar uma bolsa de sangue o mais compatível possível com o sangue da mãe. Essa bolsa foi enviada para a Hemope, onde passou por um processo de radiação e, em seguida, foi devolvida para nós. Assim, conseguimos realizar o procedimento com segurança. O processo incluiu a aplicação de uma anestesia local na barriga da mãe, guiada por ultrassom. Essa tecnologia foi essencial para realizar a punção no cordão umbilical e garantir a infusão precisa do sangue compatível. O ultrassom acompanhou todo o procedimento, assegurando que tudo fosse feito com a máxima segurança e eficácia”, ressaltou.
Após o sucesso da transfusão, foi necessário realizar o parto na mesma semana devido a outros fatores de risco, como o diabetes gestacional descompensado da mãe. Ester nasceu no domingo (1) às 10h45, com 3.135 gramas e um índice Apgar de 6/8, recebendo todos os cuidados necessários na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN).
Joelma, emocionada ao receber alta com sua filha, compartilhou sua gratidão à equipe multidisciplinar do ICV. “Foi maravilhoso saber que descobriram o problema antes que piorasse. A equipe foi incrível, e eu coloquei tudo nas mãos de Deus. Agora, estou muito feliz em poder levar minha filha para casa e reencontrar meus outros filhos”, disse a mãe.
A médica Camila Medeiros também destacou o pioneirismo do Instituto Cândida Vargas. “Esse foi o primeiro caso de transfusão intrauterina realizado na rede municipal de Saúde de João Pessoa. Temos uma equipe capacitada e os recursos necessários para atender a casos tão complexos, garantindo o melhor desfecho para mãe e bebê. Nosso objetivo é sempre priorizar a saúde materna e fetal, e estamos muito felizes com o sucesso desse procedimento”, finalizou.
Instituto Cândida Vargas – A maternidade oferece assistência humanizada e de alta qualidade às gestantes e aos bebês, posicionando a rede municipal como referência em procedimentos complexos na área de Saúde.
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