O marketing político está passando por uma transformação preocupante, especialmente evidente nas eleições de São Paulo. Estratégias que deveriam promover diálogo e convencimento com base em boas práticas, ideias e propostas, agora se tornam instrumentos de confronto e violência simbólica. Candidatos como Pablo Marçal estão no centro dessa mudança, utilizando táticas que comprometem não apenas o processo eleitoral, mas também a própria essência do marketing político, que sempre foi fundamentada no diálogo e no convencimento.
A abordagem de Marçal, que envolve provocar adversários de forma calculada para desestabilizá-los, vai além do simples embate de opiniões. Recentemente, ele se envolveu em um episódio com Datena que ultrapassou os limites do debate político tradicional, culminando em uma encenação dramática pós-debate. Marçal saiu de ambulância, alegando um mal-estar, em uma ação que mais parece uma peça cuidadosamente orquestrada para manter os holofotes sobre si. Essa estratégia, centrada no choque e na provocação, revela um desvio perigoso no marketing político, que deixa de lado a essência do diálogo e do convencimento para se tornar uma ferramenta de ataques e manipulação emocional.
Dados levantados pela Ativaweb destacam a amplitude desse fenômeno. Em menos de sete horas após o ocorrido com Datena, foram coletadas mais de 3 milhões de menções nas redes sociais. Isso reflete o poder das estratégias violentas de polarizar e agitar o público, mas também mostra como o debate se afasta das propostas e das ideias. Em vez de gerar uma discussão produtiva sobre os desafios de São Paulo, essas táticas criam um espetáculo que mobiliza emoções intensas e, muitas vezes, irracionais.
Esse tipo de estratégia é um ataque direto não apenas à democracia e à sociedade, mas também à própria essência do marketing político. O marketing, em sua forma mais pura, sempre buscou ser uma ponte entre líderes e cidadãos, um meio de comunicar visões, propostas e soluções para os problemas coletivos. Quando se recorre à violência simbólica e ao espetáculo, perde-se o propósito de convencer com palavras e ideias, substituindo a construção de pontes pelo levantamento de muros que dividem ainda mais a sociedade.
O que está em jogo é muito mais do que uma eleição; é a qualidade do nosso diálogo democrático. Estratégias violentas comprometem o espaço para o entendimento, para o encontro de diferentes perspectivas em busca de soluções comuns. Elas transformam a política em um cenário de batalhas e ofuscam o que realmente importa: as necessidades e os anseios de toda uma sociedade. Ao alimentar bolhas e divisões, esse tipo de marketing afasta a possibilidade de um debate genuíno e construtivo, fundamental para uma democracia saudável.
O momento exige uma reflexão profunda sobre o caminho que estamos seguindo. Precisamos resgatar a essência do marketing político como uma ferramenta de diálogo e convencimento, baseada em ideias, propostas e respeito à diversidade de opiniões. A política deve ser um espaço de encontro e não de confronto, onde as estratégias visem construir e não destruir. Somente assim poderemos fortalecer nossa democracia e avançar como sociedade, enfrentando nossos desafios com responsabilidade, ética e humanidade.
Alek Maracajá
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