Alek Maracajá
Na corrida incessante em direção ao progresso tecnológico, muitas vezes nos esquecemos de um ingrediente crucial que as máquinas ainda não conseguem replicar: o ‘qualia’ humano. Este termo, introduzido pelo filósofo Frank Jackson, refere-se às experiências subjetivas que compõem a essência da consciência humana, incluindo intuição, moralidade, empatia e, crucialmente, a vontade.
Enquanto nos maravilhamos com os avanços da inteligência artificial, que potencialmente poderiam ter acelerado feitos históricos como a chegada à Lua em 1969, devemos ponderar sobre o que realmente motiva tais conquistas. Afinal, em 1969, a tecnologia poderia nos ter levado à Lua de forma mais rápida, econômica e segura, mas foi o sonho humano, o desejo de alcançar o desconhecido, que nos impulsionou ao espaço. Uma máquina nunca poderia sonhar com a Lua, assim como não pode desejar explorar novos horizontes.
Atualmente, observamos uma crescente tendência à “preguiça inovativa” entre os seres humanos, um declínio na disposição para romper barreiras e explorar novas fronteiras. Este fenômeno pode ser parcialmente atribuído à nossa crescente dependência da tecnologia que, embora valiosa, pode inadvertidamente desincentivar a iniciativa individual e a criatividade.
É essencial, portanto, que retomemos nossa essência a capacidade de sonhar grande e imaginar o impossível. Enquanto a inteligência artificial e outras tecnologias são ferramentas poderosas que podem nos ajudar a realizar nossos desejos, elas não substituem a necessidade humana de aventura e descoberta. A vontade de explorar o desconhecido deve ser cultivada e valorizada, pois é o que verdadeiramente nos impulsiona para além dos limites atuais do conhecimento e da inovação.
Devemos, então, fazer uma reflexão profunda sobre como podemos incentivar uma nova onda de criatividade humana em harmonia com as máquinas. Ao alinhar as capacidades tecnológicas com as aspirações humanas, podemos abrir novos caminhos que levem tanto a realizações práticas quanto ao cumprimento dos nossos anseios mais profundos. Afinal, no coração de cada inovação, está o desejo humano não apenas de criar algo novo, mas de realizar algo extraordinariamente significativo.
Desta forma, enquanto abraçamos as possibilidades que a tecnologia nos oferece, não devemos esquecer que a verdadeira inovação vem da capacidade humana de sonhar. Somente ao cultivar e valorizar o ‘qualia’ humano, podemos esperar romper as barreiras do que é possível e entrar em uma era de descobertas verdadeiramente transformadoras.
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